Como montar um plano de aula que trabalhe literatura infantil

Postado em 17 de jun de 2021
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Está precisando de ajuda para montar um plano de aula que trabalhe literatura infantil? Então, confira as dicas deste artigo! 

Dentro da educação infantil e nos primeiros anos do ensino básico, os livros são um dos materiais mais utilizados em sala de aula. 

Isso porque eles trazem uma série de benefícios para o aluno e um universo inteiro de possibilidades de exercícios e lições para o professor. 

Neste artigo, você vai conferir quais são os principais benefícios trazidos pela literatura infantil, quais livros você pode utilizar e o que não pode faltar no seu plano de aula. 

Você vai conferir: 

 

A importância de trabalhar a literatura nos primeiros anos escolares 

Mesmo que durante os anos escolares, e até depois deles, seja falado sobre a importância da leitura, este ainda não é um hábito dos brasileiros.  

Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro descobriu que 30% da população brasileira nunca comprou um livro e que 44% não costuma ler. 

O estudo ainda apontou que a média de livros concluídos pelos brasileiros anualmente é de 2.43, enquanto a média na França, por exemplo, é de 7 livros.  

O Brasil também é um dos países que menos investe tempo em leitura. 

Semanalmente, de acordo com um estudo do NOP World, os brasileiros utilizam 5,2 horas semanais para leitura. 

Em comparação, a Índia, o país que mais lê no mundo, investe 10,5 horas por semana.

O que esses dados nos mostram é que a importância da leitura não é percebida pelos brasileiros. 

E devido a esse cenário, é comum que a formação literária das crianças acabe sendo responsabilidade das escolas. 

E apesar de o interesse pela literatura ser, idealmente, algo a se trazer de casa, introduzir a leitura nos primeiros anos escolares pode trazer muitos benefícios para a criança. 

Entre eles estão: 

  • Desenvolvimento pessoal e intelectual: a leitura é uma ferramenta que pode aprimorar as habilidades de uma criança se comunicar. Ela ajuda a treinar o entendimento do mundo, o entendimento de si próprio e, também, desenvolve competências que serão bastante importantes durante a adolescência e vida adulta. 
  • Apura o senso crítico: quem lê acaba explorando mundos e histórias diferentes, se dando conta de que existem outras visões de mundo e outras realidades que não a sua. E isso é muito importante para desenvolver o senso crítico. 
  • Proporciona entretenimento: obviamente, a leitura também é uma ótima ferramenta de distração. Ela pode ser uma brincadeira, além de um exercício, porque estimula a imaginação e traz prazer. 
  • Amplia o conhecimento: a leitura também ajuda a gerar novos conhecimentos, justamente por apresentar realidades diferentes e mundos diferentes para a criança. Quando se depara com uma história que tem um elemento desconhecido, uma criança pode fazer perguntas, opinar e utilizar as respostas que recebeu para criar novos conhecimentos. 
  • Enriquece o vocabulário: é comprovado que a leitura é uma das maneiras mais efetivas de uma pessoa aumentar o seu vocabulário, e para uma criança nos primeiros anos escolares, essa é uma vantagem e tanto. Além disso, ler também ajuda a melhorar a gramática porque a criança entra em contato com a norma culta de uma maneira muito natural. 
  • Ajuda a escrever melhor: com a melhora do vocabulário e da gramática também vem a melhora na escrita. Uma criança que lê é uma criança que pode ter maior facilidade para escrever, sejam redações ou histórias criativas. Isso porque a leitura não ajuda apenas a escrever as palavras corretamente, mas também a estimular a imaginação e a invenção de novas histórias. 
  • Desenvolve o afeto: outro aspecto importante da literatura é como ela ajuda a criar conexão entre o leitor e os personagens, e isso é ótimo para uma criança. Ler ajuda a explorar sentimentos que ela, talvez, não tenha conseguido explorar ainda, assim como ampliar o que ela já sentiu. 
  • Reduz o estresse: também é comprovado por pesquisas que a leitura ajuda a diminuir o estresse, muito mais do que uma xícara de chá ou uma caminhada. 

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O que a BNCC diz sobre a literatura 

A BNCC é a Base Nacional Comum Curricular, um documento que define os aprendizados fundamentais para a trajetória escolar de uma criança e um adolescente. 

A abrangência da BNCC vai desde a educação infantil até o ensino médio, e ela é utilizada como uma ferramenta para orientar e guiar a elaboração de currículos escolares. 

E embora não esteja presente de forma explícita, a literatura aparece na BNCC dentro de outros aspectos, mas especialmente na terceira das dez Competências Gerais da Educação Básica. 

O texto do documento diz: 

  • Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 

Como a literatura é considerada uma forma de expressão artística, ela pode ser vista como parte integradora desta terceira competência. 

Além disso, a literatura também aparece em outros momentos na BNCC, quando: 

  • Fala-se sobre como as práticas literárias precisam estar no contexto extraescolar; 
  • A literatura é citada em formatos diversificados, não apenas livros, mas práticas digitais, filmes, animações, HQs e paródias; 
  • Ela é prevista para a formação do leitor-fruidor, que seria um aluno com a capacidade de ler uma obra e extrair conhecimento dela, fazendo perguntas, compreendendo sua multiplicidade de sentidos e dialogando com ela.

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O que não pode faltar em um plano de aula com literatura infantil 

De acordo com especialistas, ao ser usado como ferramenta em sala de aula, o livro é um “disparador” que instiga as crianças a pensarem sobre diversos assuntos. 

É essencial, então, escutar as crianças depois que uma leitura for feita para compreender qual foi o entendimento delas e para onde elas levam a discussão. 

Por isso, não deixe essa parte de fora do seu plano de aula de literatura infantil. 

Além de deixar as crianças darem voz ao seu entendimento sobre a história, também é importante trazer os temas para o mundo real. Como isso se traduz para a realidade delas? 

Traduzir essa questão em sala de aula pode vir como uma troca de impressões entre dois ou mais alunos, como cada um interpretou um acontecimento, qual página foi a favorita deles e por quê, e qual trecho foi o mais querido por cada um e por quê. 

O ideal, ao trabalhar a literatura em sala de aula, é não pré-julgar as mensagens entendidas pelos alunos, mas deixá-los expressar esses entendimentos e entender o que estão expressando. 

Isso não significa que o professor não deve trazer nenhuma questão, pelo contrário. 

O professor é um mediador nessa atividade e ele deve provocar os alunos fazendo perguntas que estimulem a conversa e a troca entre eles. 

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10 livros que podem ser trabalhados na educação infantil 

Ainda de acordo com especialistas, a escolha do livro a ser trabalhado deve ser estratégica. 

O professor deve se preocupar com o vocabulário utilizado, a linguagem explícita e com as imagens da obra. Tudo de acordo com a faixa etária. 

Além disso, o tema, e a maneira como o tema foi trabalhado, também deve ser uma preocupação. Isso para evitar problemas de entendimento das crianças. 

Abaixo, trouxemos uma listagem de 10 livros infantis indicados por uma especialista para se trabalhar em sala de aula: 

  1. Dez bons conselhos do meu pai, de João Ubaldo Ribeiro: este livro traz uma narrativa do autor elencando os conselhos que seu pai lhe deu. Os conselhos vão desde “não seja medroso” até “seja verdadeiro”, algo que pode ser trabalhado com os alunos para entender valores e a importância de ouvir os mais velhos. 
  2. O sol se põe na tinturaria Yamada, de Claudio Fragata: na história, o senhor Yamada faz uma viagem no tempo com seu neto usando poesias e uma velha cantiga. É um livro que permite trabalhar a relação afetiva das crianças e dos adultos com obras de ficção. 
  3. Roupa de brincar, de Eliandro Rocha: este é um livro indicado para alunos que já estão começando a ler sozinhos e conta a história de uma menina que se diverte brincando com as roupas da tia. Fala sobre relações familiares, mudanças e superação. 
  4. Maria vai com as outras, de Silvia Orthof: um clássico, nesta história nós conhecemos Maria, uma ovelha que sempre segue o que as outras ovelhas fazem e sempre se dá mal no caminho. É uma história sobre o certo e o errado e como pensar por si própria. 
  5. O pote vazio, de Demi: neste livro, um imperador deseja um sucessor e faz isso pedindo que todas as crianças do reino plantem e cuidem de flores, isso vai ajudar uma delas a ser escolhida. Pode ser trabalhado para estimular discussões sobre honestidade e fracasso. 
  6. O Reizinho Mandão, de Ruth Rocha: O protagonista do livro é um menino que vive dando ordens e espera fazer apenas o que quer. É uma história interessante para discutir questões como o coletivo, o cuidado com o outro e a importância do coleguinha. 
  7. Valores para convivência, de Esteve Pujol: esta é uma coletânea de contos que pode gerar discussões sobre respeito, justiça e desigualdade, pois os contos tratam destes temas. 
  8. O Livro das Virtudes para Crianças, de William J. Bennet: este também é um livro de contos, mas este tem dois volumes. Cada história trabalha uma virtude, então podem ser utilizados para ajudar as crianças a reconhecerem bons valores. 
  9. Não fui eu!, de Brian Moses: nesta história, conhecemos um menino que nunca assume aquilo que fez, então é uma maneira de trabalhar a honestidade em sala de aula. 
  10. Pode pegar!, de Janaína Tokitaka: esta é uma história que aborda questões de gênero, como “existem roupas de menino e roupas de menina?” É uma maneira de trabalhar valores enraizados desde o nascimento das crianças. 

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Conclusão 

Esperamos que, ao chegar ao final deste conteúdo, você tenha conseguido entender como utilizar, no seu plano de aula, a literatura infantil. 

E caso você tenha se interessado em estudar mais a fundo este tópico, que tal conhecer especializações em educação que podem ajudar bastante no processo de incentivo à leitura de estudantes? 

Há cursos que abordam metodologias ativas, aspectos da alfabetização e letramento, educação especial e inclusiva e abordagens da psicopedagogia.

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Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.