Os principais tipos de variedade linguística [Linguagens no Enem]

Postado em 21 de ago de 2021
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Se você já viajou do norte ao sul do país, já deve ter observado que – além do sotaque – existe uma grande diferença de vocabulário entre essas regiões do Brasil. Essas variações da língua se chamam variedade linguística.

A variedade linguística reúne todas as ramificações de uma língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.

Essas reinvenções de um idioma surgem devido a diversos aspectos, como históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.

É o caso das regiões do Brasil, que mencionamos anteriormente. Devido às distâncias geográficas e diferenças culturais, há uma grande variedade linguística em todo território nacional.

Quer saber mais sobre os tipos de variedade linguística e como esse conteúdo pode ser abordado no Enem? Continue neste artigo!

Aqui você vai conferir:

 

O que é variedade linguística

Variedade linguística é o termo que abarca as variações naturais de uma língua. Essas variantes de uma idioma se diferenciam da norma-padrão em função do contexto social, momento histórico ou região em que um falante ou grupo social se insere.

Essas variações ocorrem de diversas formas e estão diretamente relacionadas ao fenômeno do uso do idioma.

Ou seja, os próprios falantes de uma língua alteram o modo de falar, escrever e passar as informações adiante, surgindo, assim, novos termos que, algumas vezes, vão além do que está no dicionário.

A variedade linguística é um fenômeno importante e muito estudado pela sociolinguística, sendo, por isso, tema de questões dos vestibulares e do Enem. A seguir, apresentamos seus principais tipos.

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Os tipos de variedade linguística

Há quatro tipos de variedade linguística. Abaixo, vamos aprender um pouco sobre cada um deles:

Variações históricas (diacrônicas)

As variações históricas tratam das mudanças ocorridas na língua com o decorrer do tempo. Afinal, com o passar das décadas e dos séculos, diversas expressões deixaram de existir e outras novas surgiram.

Um exemplo da língua portuguesa é o termo “você”.

Talvez você não saiba, mas no português arcaico, a forma usual desse pronome de tratamento era “vossa mercê”.

Contudo, com o passar dos séculos, essa expressão foi reduzida, e hoje falamos “você”, que é a forma incorporada pela norma-padrão e aceita pelas regras gramaticais.

Em contextos informais, é comum ainda o uso da abreviação “cê” ou, na escrita informal, “vc”, muito usada na linguagem de internet.

Variações geográficas (diatópicas)

As variações geográficas são aquelas diferenças de linguagem que ocorrem devido à região.

Essas diferenças tornam-se óbvias quando ouvimos um falante brasileiro, um angolano e um português conversando, por exemplo: nos três países, fala-se português, mas há diferenças imensas entre cada fala.

E não é preciso que a distância seja tão grande assim para notar essas variações geográficas: dentro do próprio Brasil, vemos diferenças expressivas.

Um exemplo são os termos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”. Os três nomes estão corretos, mas, dependendo da região do Brasil, você ouvirá com mais frequência um ou outro.

Variações sociais (diastráticas)

As variações sociais são as diferenças linguísticas que acontecem de acordo com o grupo social do falante.

Você já observou como a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe médica, entre outros grupos sociais, se diferencia entre si? Elas são exemplos da variação social do idioma.

É por isso que um grupo de futebolistas, por exemplo, pode usar a expressão “carrinho” com um significado específico, que pode não ser entendido por um falante que não goste de futebol ou que será entendido de modo distinto por uma criança.

Variações estilísticas (diafásicas)

Por fim, as variações estilísticas são as que dependem do contexto comunicativo.

Ou seja, é quando a ocasião determina a maneira como nos dirigimos ao nosso interlocutor — se deve ser formal ou informal.

Por exemplo, em uma roda de amigos, provavelmente você optará pela linguagem informal, utilizando gírias e abreviações. Já em uma entrevista de emprego, é bem possível que você faça uso da norma padrão, prezando por uma linguagem mais formal.

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Como a variedade linguística é cobrada no Enem

A variedade linguística é um fenômeno muito explorado pelo Enem. Esse conteúdo costuma aparecer muito em questões que envolvem interpretação de texto na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

Você pode esperar questões que envolvem especialmente os seguintes conceitos:

  • relação entre o uso da padrão da língua e a linguagem coloquial;
  • impactos dos fatores históricos e sociais na língua.
  • regionalismos;
  • preconceito linguístico.

Observe alguns exemplos de questões:

Questão 1 - Enem 2021

Gírias das redes sociais caem na boca do povo

Nem adianta fazer a egípcia! Entendeu? Veja o glossário com as principais expressões da internet

Lacrou, biscoiteiro, crush. Quem nunca se deparou com ao menos uma dessas palavras não passa muito tempo nas redes sociais. Do dia para a noite, palavras e frases começaram a definir sentimentos e acontecimentos, e o sucesso desse tour foi parar no vocabulário de muita gente. O dialeto já não se restringe só à web. O contato constante com palavras do ambiente on-line acaba rompendo a barreira entre o mundo virtual e o mundo real. Quando menos se espera, começamos a repetir, em conversas do dia a dia, o que aprendemos na internet. A partir daí, juntamos palavras já conhecidas do nosso idioma às novas expressões.

Glossário de expressões

Biscoiteiro: alguém que faz de tudo para ter atenção o tempo inteiro, para ter curtidas.
Chamar no probleminha: conversar no privado.
Crush: alguém que desperta interesse.
Divou: estar muito produzida, sair bem em uma foto, assim como uma diva.
Fazer a egípcia: ignorar algo.
Lacrou/sambou: ganhar uma discussão com bons argumentos a ponto de não haver possibilidade de resposta.
Stalkear: investigar sobre a vida de alguém nas redes sociais.

Disponível em: https://odia.ig.com.br. Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado).

Embora migrando do ambiente on-line para o vocabulário das pessoas fora da rede, essas expressões não são consideradas como características do uso padrão da língua porque

  1. definem sentimentos e acontecimentos corriqueiros na web.
  2. constituem marcas específicas de uma determinada variedade.
  3. passam a integrar a fala das pessoas em conversas cotidianas.
  4. são empregadas por quem passa muito tempo nas redes sociais.
  5. complementam palavras e expressões já conhecidas do português.

✅Gabarito: B

Questão 2 - Enem 2021

Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 21 abr. 2015 (adaptado).

No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que

  1. a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome.
  2. a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você” caracteriza a diversidade da língua.
  3. o pronome “tu” tem sido empregado em situações informais por todo o país.
  4. a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia a inexistência da distinção entre níveis de formalidade.
  5. o emprego de “você” em documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada.

✅Gabarito: B

Lembre-se de que dificilmente você verá uma pergunta questionando diretamente sobre as características de cada tipo de variedade linguística. Esse conteúdo costuma aparecer nas questões de forma interpretativa, acompanhando quase sempre de um texto de apoio.

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E na redação?

Você já deve saber que, ao escrever seu texto, a norma culta deve ser privilegiada., certo?

Isso acontece porque o nível de formalidade da redação cobra o uso dessa variedade linguística.

A competência linguística é uma das habilidades exigidas na matriz de referência do Enem, logo, a norma padrão da língua deve ser priorizada ao escrever a sua redação.

Ou seja, ao estudar os tipos de variedade linguística atenha-se a aplicá-los na prova de Linguagens do Enem. Afinal, na redação, só será permitido o uso formal da língua.

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Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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